Segundo o Worldometer site de estatisticas em tempo real a população mundial atual é de 7.869.283.267 habitantes, sendo que 2.153 são bilionários e têm mais riqueza do que 4,6 bilhões de pessoas, o correspondente a 60% da população mundial.
Os 22 homens mais ricos do mundo têm mais riqueza do que todas as mulheres da África.
Mulheres e meninas ao redor do mundo dedicam 12,5 bilhões de horas, todos os dias, ao trabalho de cuidado não remunerado. Isso representa pelo menos US$ 10,8 trilhões por ano à economia global, sendo que o valor é mais de três vezes o valor da indústria de tecnologia do mundo, segundo dados do Relatório Oxfam Novib (janeiro/2020).
O que refletem tais números? Injustiça, desigualdade, escassez de recursos, miséria? Se analisarmos de forma fria, com certeza esta será a reação de boa parte da população mundial.
Atuando na avaliação de programas e projetos entendi que analisar os números nem sempre é uma tarefa tão simples, e que em muitos casos, é necessário colocarmos mais “luz” para que possamos descobrir de fato o que está ocultando os “fatos”, ou será que a nossa visão de mundo não está de fato nos permitindo enxergar a realidade.
As avaliações de projetos refletem a realidade de quem contrata ou de quem avalia?. O avaliador tem um papel fundamental na apresentação dos resultados, logo integridade e veracidade são elementos centrais que devem permear todo o processo do início ao fim, a partir da incorporação de evidências, na medida do possível, do que se quer demonstrar.
Agora, como avaliar um projeto onde os resultados apresentados demonstram que 3% das atividades previstas foram de fato realizadas após decorrido 12 meses do seu início?
Avaliando uma grande quantidade de projetos onde esta realidade se apresentou de forma recorrente e em muitos casos após mais de um ano de execução do projeto, fiz a seguinte pergunta:
Qual o principal fator, presente no ser humano que reflete na sua produtividade?
Descobri que a autoestima está diretamente ligada a produtividade. Se não estamos fazendo o que gostamos, não podemos gostar de “nós” mesmos, não é mesmo? Passar a vida inteira tentando fazer algo e não conseguir fazê-lo significa que a direção não está correta.
Os gestores e coordenadores “presentes” nesses projetos, em sua maioria não apresentavam a menor relação com o propósito do trabalho a ser entregue, deixando para o dia seguinte as atividades, e escondendo-se atrás das diversas desculpas que no final “roubavam” o tempo e a energia de todos os stakeholders envolvidos, frustrando expectativas e assim impactando diretamente na produtividade individual e coletiva.
Segundo o rabino Nilton Bonder,  “O tempo que nos é dado viver é determinado pelo desejo divino, se consumimos esse tempo “enrolando” os nossos semelhantes, roubamos do mercado todas as possíveis “riquezas” que estariam sendo realizadas com o tempo tomado. Somos então responsáveis pelo fato de o mercado ter de absorver esse débito em seu potencial”.
Quando um avaliador é contratado e descobre a abordagem adotada, o chamado “jogo de empurra” infelizmente em muitos casos é tarde demais, pois os montantes de tempo e dinheiro envolvidos já foram “gastos”, ou seja, consumidos pelo tempo ilusório da improdutividade.
“Fazer acontecer exige sair da zona de conforto e não parar enquanto não entregar o combinado para todos os envolvidos”.
Agora, voltamos a pergunta inicial. Por que existem poucos bilionários no mundo? O que tem em comum as pessoas mais ricas do mundo?
Em primeiro lugar elevada autoestima, trabalham no que gostam, naquilo que proporciona felicidade, pois entenderam que a felicidade está diretamente ligada a produtividade.
Quando faço o que gosto, meus neurotransmissores estão em “ótimo” estado, liberando quantidades equilibradas de dopamina, serotonina, endorfinas. Dessa forma, o foco estará naquilo que quero realizar e não postergarei para o dia seguinte a realização dos meus sonhos.
Nosso tempo e energia são nossos principais ativos, precisamos aprender a direcioná-los por meio do nosso foco. Nunca conseguiremos realizar tudo o que que queremos, pois o tempo é limitado, então por que priorizamos o que não queremos em detrimento do que realmente nos traz felicidade?
Antes de iniciarmos um projeto, ou nos comprometermos em colaborar com algo, precisamos estar conscientes se é isso que realmente queremos.
As instituições responsáveis por financiar projetos que envolvem milhões de dólares destinados a melhoria da qualidade de vida, educação, saúde e bem-estar das pessoas devem rever seus critérios quanto a definição dos responsáveis pela condução desses trabalhos.
A falta de consciência dos envolvidos em relação a importância de tais projetos tem levado ao insucesso dezenas de projetos, impactando negativamente a todos. Quando um perde, todos perdem.
A década da avaliação para ação, em parceria com a campanha Eval4Action é um compromisso que assumimos de levar ao maior número de pessoas a consciência da importância desse trabalho para a transformação da realidade.
Os relatórios devem deixar de apresentar justificativas pela não execução de tarefas e passarem a colaborar os produtos dos esforços coletivos na melhoria de vida das pessoas, mesmo que pareçam “pequenos”, mas que sejam consistentes e que possam ser multiplicados por meio de uma rede de negócios sustentáveis (ganha-ganha).