A ficção está virando realidade, mas de qual realidade estamos falando?

A obra de Neal Stephenson intitulada Snow Crash, traz personagens que representam dois papéis diferentes, um no mundo físico, na chamada terceira dimensão, onde estamos encarnados agora e outro no mundo virtual. É o caso de um entregador de pizza que vira príncipe guerreiro no chamado metaverso. Que história é essa?
Para entendermos a intenção de uma indústria da “pesada” como essa, precisamos entender quem somos, de onde viemos e para onde vamos. Enquanto o ser humano não se questionar, não encontrará o real caminho para casa, e então poderá “cair” em armadilhas cada vez mais complexas que vão além dos games, uma indústria que globalmente movimentou US$ 175,8 bilhões em 2021, segundo dados da consultoria Newzoo.

O “meta” verso, ou a possibilidade de ir além da realidade cotidiana em que vivemos está cada vez mais próxima.

Nós humanos temos a capacidade de criarmos a nossa realidade, ou seja, de escolhermos o que queremos experienciar nas nossas vidas, porém parte da humanidade está “presa” num sistema econômico, social, religioso, político, denominado “matrix”, onde as circunstâncias aparentemente presentes na vida das pessoas, faz com que percebam, aceitem e convivam com limitações impostas pelo sistema que em última análise, se abastece da ignorância do ser humano.
Essa suposta “ignorância” tornou-se um terreno fértil para o chamado metaverso, ou segunda vida, ou outra possibilidade de viver melhor de uma maneira “fácil” e “livre”.
Nesse ambiente tudo é possível, a imaginação não tem limites e a promessa do metaverso é a de realizar seus sonhos.
Quanto vale o seu sonho no metaverso? Tudo tem um preço, afinal o avatar, sim o seu personagem, lembra do entregador de pizza, pois é aqui ele precisará de roupas, acessórios especiais para viver um novo personagem.
Aqui ele poderá adquirir sua casa, detalhe,  financiada; além de comprar móveis e quadros nunca antes vistos no mundo físico.
Sim, tudo pode ser adquirido, por meio de criptomoedas, tem inclusive câmbio. Poderá fazer viagens e conhecer lugares num “piscar” de olhos, quem sabe uma volta ao mundo em uma semana. Ir a shows e chamar os “amigos” para conhecer sua casa, virtual óbviamente, também já é uma possibilidade.
São mais de 20 milhões de opções de compras no metaverso, muito mais do que no mundo físico. Não é incrível?
As grandes marcas, como Adidas, Nike, Gucci, Tesla, Dior, dentre outras já estão na corrida pelo ouro, que convenhamos, está mais para “ouro dos tolos”, mas como de “tolos” esta indústria da “pesada” não tem nada, ela utilizará recursos que poderão custar a vida do Avatar.
Vamos voltar para a realidade. Tudo o que existe é energia, informação. Tudo o que existe é a nossa consciência. Tudo o que vemos é uma projeção da nossa consciência. O nível de consciência que temos da realidade define o que estamos experienciando no momento, logo não posso ter algo que acredito ser impossível. Exemplo: Eu quero um automóvel da marca Tesla mas acredito que é impossível, então assim será. Tudo começa no entendimento da realidade, de que as formas se formam a partir do nosso pensamento, caso contrário não existiriam. Nada existe, até que eu pense sobre aquilo e coloque energia e então começamos a dar forma para que se manifeste no mundo físico, tornando as infinitas possibilidades, como diz a física quântica em probabilidades.
A ciência já comprovou como criamos a realidade, a mecânica quântica está presente em todas as ciências, tudo está interligado.
Se nós somos cocriadores da nossa realidade, porque nos submeteremos a uma tecnologia criada por outros seres humanos com a promessa de realizarem os nossos sonhos, isso é uma grande ilusão. Não existem dois mestres, apenas um.
A ideia é tornar o avatar o mais real possível, tornando a experiência um fato, um convite para participar de uma realidade que aparentemente está sendo criada por você, mas não está, afinal ela é um produto da mente de alguém e não da sua. Uma espécie de “matrix 2”.
Para tornar esse mundo real, as tecnologias hápticas entram em ação e cada vez mais poderosas para que o avatar e você sejam um só. Isso criará no “seu” cérebro neuro associações e neurotransmissores que produzirão dopamina e toda a bioquímica necessária para que os cinco sentidos humanos possam ser despertados por meio das experiências que escolher para o seu avatar.

Já se pensam inclusive em aromas, já imaginou o perfume do seu avatar? Logo, você passará a sentí-lo.

A manipulação da realidade pelo uso indevido da tecnologia não tem limites, porém o preço pode custar a vida do Avatar, ou melhor do ator que está por trás do personagem, ou seja, nossa própria vida. Muitas pessoas irão querer largar a vida “aqui fora” para viverem um romance no metaverso. Sim, isso já é uma realidade. As doenças mentais e emocionais como vícios, compulsões, ansiedade, depressão e incertezas poderão se intensificar ainda mais nas próximas décadas.
E a pergunta que fica é: Quando o avatar se “desplugar” dessa realidade, para onde ele irá? Ah.. de qual realidade, bem essa é grande reflexão, pois se o avatar e o ser humano se tornarem um só, provavelmente será difícil desplugá-lo dessa realidade virtual.  
Tem saída? Sim, afinal temos livre arbítrio e está mais do que na hora de escolhermos a pílula vermelha e descobrirmos por nós mesmos a realidade, caso contrário embarcaremos em mais uma “ilusão” a da pílula azul, porém essa poderá ser eterna. Estima-se que 2 bilhões de pessoas estarão no metaverso até 2026, segundo pesquisa da consultoria de tecnologia Gartner.