Covid-19, assim iniciamos o ano de 2020. Uma presença invisível, porém, previsível. A humanidade vivei durante décadas no “mundo da lua”, construindo de forma inconsciente dificuldades para todos. A cada nova geração, uma repetição de erros que proliferou ainda mais as desigualdades e desajustes no próprio ser humano e consequentemente no planeta e nas esferas social, econômica, institucional e cultural.
Como romper o ciclo vicioso?
Os objetivos de desenvolvimento sustentável ODS e a Agenda 2030 emergem de um cenário extremamente “caótico” como uma oportunidade para revermos a caminhada e pavimentarmos uma nova estrada para as gerações futuras, porém para que isso ocorra precisamos incluí-las em atividades estratégicas tornando-as atores influentes na cocriação de projetos voltados para o bem comum, incorporando assim uma visão integrada, modelo proposto pelos ODS.
O bem comum acontece quando mais pessoas se conscientizam da importância do outro para o desenvolvimento da capacidade humana e que fazer parte desse cenário deve acontecer o quanto antes. Assim, jovens mais conscientes poderão proporcionar uma aceleração desse processo impactando positivamente o comportamento dos adultos, incluindo-os, por exemplo em experiências inovadoras ofertadas por produtos e serviços.
Os jovens entre 10 e 24 anos respondem por ¼ da população mundial atual, concentrados na sua grande maioria em países como Índia e China.
Por outro lado, estudo realizado pela FGV Social, aponta que no Brasil a população de jovens entre 15 e 21 anos será reduzida em aproximadamente 69% até 2060, impactando diretamente na prosperidade desta Nação.
Além disso, a mesma pesquisa apontou que outros 201 países também serão afetados pela redução em 95% do contingente juvenil até 2060.
Os reflexos apontam a necessidade de uma ação colaborativa para uma equalização de oportunidades de crescimento para todos. O impacto da atuação dos jovens por meio dos ODS com foco na Educação, Trabalho e Inovação devem fazer parte da Agenda prioritária de Instituições de ensino, sejam públicas ou privadas e de empresas que promovam o desenvolvimento da capacidade do pensamento criativo, facilitando e acelerando os processos de conscientização desses jovens, por meio do desenvolvimento humano, impactando diretamente na cocriação conjunta de soluções inovadoras, tornando-os agentes de transformação na resolução da problemática de diversos setores de forma global.
Afinal todos queremos saúde, prosperidade, felicidade e liberdade. Todos caminhamos para um bem comum. Não existem diferentes problemas, existem sim, diferentes visões para os mesmos problemas.
A mudança de mentalidade determina o resultado, continuar no problema ou trabalharmos de forma colaborativa na solução.
O empreendedorismo está se manifestando como um efeito da mudança de mentalidade global que deverá se acentuar ainda mais no pós-pandemia. Muitos jovens hoje já estão criando suas próprias fontes de renda e gerando oportunidades para outros jovens, por meio, por exemplo do universo digital.
No Brasil, segundo estudo da Nielsen há uma projeção de crescimento, no e-commerce, por exemplo, de 26% ainda neste ano de 2021.
Isso traz desenvolvimento da criatividade e consequentemente felicidade e renda própria. Dessa forma, os jovens não serão convocados apenas para medirem o progresso de ações externas, participando de atividades meramente operacionais e burocráticas, mas para participarem diretamente das mudanças que impactarão as metas propostas pelos ODS.
Se direcionados de forma adequada, estes jovens atuarão como catalisadores, impulsionando e acelerando o alcance de metas globais, a partir da disseminação e consolidação de ações relevantes passíveis de serem escaladas globalmente.
Serão estes os “sinais” da sustentabilidade na prática?
Com um cenário de desemprego global, que segundo a OIT deve atingir 220 milhões de pessoas neste ano de 2021, vemos as “sementes” do empreendedorismo germinando no Brasil, no qual respondeu por 53,9% dos negócios com até 3 meses de vida. Fonte: SEBRAE
A mudança de mentalidade impacta também, num melhor uso da tecnologia, afinal nunca estivemos tão “conectados”. Hoje 60% da população mundial tem acesso à internet. Fonte: WDI – World Bank, International Telecommunications Union ITU. A velocidade com que podemos compartilhar um conhecimento tornou-se um fator crítico de sucesso no processo de aceleração da mudança, quase que obrigatória
Nações com alto, médio ou baixo IDH estão sendo impactadas pela presença ou ausência dos jovens. Se os adultos não aprenderem a reaprenderem, as “novas” necessidades do mercado de trabalho não serão supridas, a ausência de jovens e/ou de mão-de-obra qualificada está se tornando uma realidade sendo uma das grandes consequências do aumento do desemprego global.
Por outro lado, a inovação é uma necessidade, não podemos continuar “fazendo mais do mesmo” e aguardando novos resultados.
O rompimento do ciclo vicioso já ocorreu, e eclodiu com o cenário de pandemia mundial, que não foi um “sinal” mais uma consequência da procrastinação, do adiamento de um processo evolutivo, afinal o ser humano não assumiu a autorresponsabilidade vivendo a margem das suas próprias necessidades e consequentemente das necessidades do planeta.
Os 5 Ps da sustentabilidade, Planeta, Pessoas, Parceria, Prosperidade e Paz, bem como a Agenda 2030 e os ODS somente poderão produzir efeitos se inserirmos de fato todos os atores, sendo os jovens, os atores principais no processo de construção de uma nova consciência coletiva.
Para isso novos modelos de ensino e de negócios onde a colaboração ganha força, serão a “chave” para a expansão da visão necessária para o desenvolvimento sustentável o que promoverá no médio e longo prazo, a disrupção do modelo de emprego formal baseado na troca de “tempo por dinheiro”.
Um ser humano mais consciente perceberá que pode e deve cocriar projetos que beneficiem o maior número de pessoas, e que com esta perspectiva na medida em que vislumbram novos conhecimentos, ensinar começa a fazer parte do aprender.
Conhecimentos relevantes disseminados em escala global, impactam no processo de cocriação, mais pessoas inovando e se reinventando como parte do desenvolvimento humano, acabam por reconhecerem suas habilidades ao mesmo tempo em que despertam para novas possibilidades nunca imaginadas.
Os jovens e suas mentes em transformação, podem impactar positivamente um sistema que há anos beneficia a poucos, sendo os grandes agentes para a transformação de muitos.